Postal de Lisboa
Merdas que se dizem.
Meu doce, aproveito para agradecer toda a atenção q me tens dado. Aproveito para agradecer a paciência que mostras nos dias em que preciso de falar só porque mais ninguém me pode ouvir. Aproveito para agradecer a compreensão e toda a falta de julgamento para com quem merece ser julgada e posta em cheque. Aproveito para te dizer que cada vez que me dás nas orelhas, eu posso melhorar e ser mais correcta comigo mesma.
You Are Bud Light |
![]() You're not fussy when it comes to beer. If someone hands it to you, you'll drink it. In fact, you don't understand beer snobbery at all. It all tastes the same once you're drunk! You're an enthusiastic drinker, and you can often be found at your neighborhood bar. You're pretty good at holding your liquor too - you've had lots of experience. |
Sempre que vejo um filme com sotaque da Inglaterra, fico hipnotizada. Ponho-me a falar comigo em inglês "very british" até me doer a cabeça, não consigo parar. É uma espécie de esquizofrenia, para testar a habilidade do sotaque, da imitação. Espero e(ou "i", nunca sei estas coisas fáceis...)migrar um dia para lá e fazer passar-me por inglesa.
Oh Pátria, nunca mais esqueceremos
A última vez que me falei com Deus, foi para lhe pedir que não me fizesse aquilo. Lembro-me do sítio onde lhe roguei que estivesse quieto e que não separasse quem não quer ser separado. O espaço era muito pequeno, estava preenchido com bastante gente, uns acomodados nos bancos como normalmente, outros em cadeiras de rodas e duas pessoas em macas, se a memória não me quiser falhar agora.
Ninguém dava importância à pessoa do seu lado, ninguém olhava para a sua roupa, muito menos para a sua condição física, na maior parte dos casos débil e fragilizada, ninguém queria saber da figura ao seu lado, mas todos queriam o mesmo dom: saúde.
Apesar do espaço ser pequeno em tamanho, abafado e sem grandes simbolismos na parede, nunca havia assistido a uma celebração de tal forma carregada de carisma, chamemos-lhe assim… Se é que se pode chamar carisma à intensidade das preces que se sentiam no ar, umas visivelmente desesperadas pelo ar desesperado de quem olhava em frente, outras com um brilho especial de quem agradecia uma benesse, outras tantas indiferentes ao sofrimento daquele espaço e a minha própria prece. A minha última prece.
Pedi insistentemente, em jeito de ameaça, numa raiva que ainda hoje cá tenho dentro, que não me fizesse aquilo e que olhasse para quem ali estava em súplica por dias melhores. Usei vernáculo enquanto rezava, enchi-me de chumbo e de fel pela injustiça que sabia estar a sofrer. Avisei-O mais que muitas vezes, repetindo as mesmas palavras, no compasso nervoso de quem está à beira dum ataque de nervos, outro aviso e outro aviso, mudava constantemente de posição, ora com as mãos no colo, com os braços cruzados no peito e sempre outro aviso, seguido de outro aviso, com os nervos em permanente descarga, o pulsar da adrenalina com outro aviso e outro aviso e outro aviso, raiva por depender do que não se explica, sempre a avisar e a avisar e a avisar! AAAAHHHHRRRRRR!! Saltou-me a tampa em lágrimas de desconsolo… Olhei para o lado nessa altura, vi a angústia naquele olhar que outrora só me transmitia segurança e pensei no que não tinha feito, no que tínhamos que fazer, no que ia acontecer. Encolhi-me e vi que não estava nas minhas mãos.
Despedi-me de Deus nesse dia. Ele que faça o seu trabalho sujo de decidir os destinos da Humanidade longe de mim. Não vou ser conivente com tamanha falta de senso, muito menos com o sofrimento alheio. Não lhe volto a falar, Ele que se amanhe com o que criou e se realmente a escolha é só nossa (como tantas vezes ouvi na catequese:”o mundo é mau porque os homens são maus! A culpa não é do Senhor, nós temos o poder de escolher!”) então eu escolho não lhe ligar mais.
Ele que se foda!
Tendo usado quase todos os meus subterfúgios distracionais, volto à origem de donde me sale todo… ó casí todo…
Não sabia que ainda se escrevia por aqui e sentei-me com vontade de escrever. Ia dirigir-me à crise a medo, estando esta completamente esquecida no limbo do último post, no tormento da memória...
Mas que verdete é este colega? Nem com ameaças de violência física isto anda para a frente? Mas que marasmo que falta do que dizer esta que apareceu? Não me resigno nem me contenho, vou sempre escrever por aqui, mesmo sem audiência, mesmo sem o raio que o parta, hei-de introduzir melhorias, aos posts postados, numa ginga-ginga, quanto mais não seja, semanal.
XoXo
Somos do tempo dos Amigos do Gaspar, do tempo em que marionetas tinham piada e os efeitos especiais mais rebuscados envolviam um guarda Xsseródio com pronúncia de Mangualde (há quem diga Sever do Vouga mas não creio…).
Não era esta a letra que eu queria pôr, mas não quero ilações apesar de as haver e por isso a outra me diz mais qualquer coisa. Enfim, há quem leia o blog, suponho, e permaneço intacta de integridade. A Naifa, é preciso ouvir, é preciso babar.
Onde Ir
Chamou-me a atenção. Calções, camisa, calçado confortável e uma mochila. Somente.
hoje apetece-me mesmo fugir, faltar ao trabalho e apanhar um comboio promissor para montauk ou mesmo para a barra e caminhar por algum lado sem encontrar ninguem ou alguem que nao me perturbe ou mesmo muitas pessoas sem que me pareca estar numa multidao.
Hoje dei por mim a rezar. Sei que não rezas porque não acreditas e pelas explicações que me deste destas tuas coisas da vida, o teu credo mais parece uma demonstração matemática.
- uma pessoa ri-se, gesticula, sozinha enquanto espera? por alguém em algum lugar? pois hoje exorcizei a puta da fantasmagoria, ri-me e na verdade, ninguem reparou, contrariando todos os preconceitos. é um dia especial este, em que me sirvo sozinha numa tasca bar, em que me alieno de mim e sorrio em desafio. viva a sociopatia!
Ser produtivo neste país não é fácil. Quando se mora em cidades onde os bares vendem cerveja ao litro pela singela quantia de 400$00 e jarras de sangria por 1000 paus, quem pode censurar aqueles que, como eu, são fortes adeptos da modalidade “manda vir outra”? No dia seguinte ninguém aguenta com nada, convenhamos, mas eu explicarei e lanço um repto a colegas meus de treino que querem desistir: insistam e treinem que como se diz em Inglês “practice makes perfect”!
Já reparaste como cada vez mais as nossas conversas se inclinam para a eterna questão Is there anybody out there??
Porque se bebe? Porque na bebida tudo toma uma importância, tudo se dispõe segundo uma linha máxima. Conclusão: bebe-se por impotência e por condenação. (Albert Camus, Cadernos)
Agora que aprendi a pôr pics no blog, deixo-te aqui uma pic que achei muito bonita, de um filme que gostava de ver, chamado In America. É com a miúda do Minority Report e achei-a tão bonita e a fazer uma personagem tão incredulamente futurista que me comoveu. Era a Agatha. Aqui, no In America, não sei quem ela é. Só sei que o filme é sobre uma família irlandesa que vai tentar a sorte para Nova York.
Quando se vê assim, a morte em directo, ainda por cima depois de um sorriso tornado seráfico, assusta como nenhuma fobia, como nenhum quarto escuro; assusta na alma e na metafísica de existir.
Seguindo o teu conselho (ando sempre a seguir os teus conselhos, devias cobrar imposto...) imprimi os contos do Peixoto que estão lá no site dele e já li alguns. Ele diz umas coisas engraçadas, tem umas frases fortes e originais, gostei. Não é assim de desintegrar as ideias a uma pessoa mas há-de ser, daqui a uns anos. Hummm isto agora soou-me pretenciosamente condescendente... Estão verdes, não prestam, como diz a fábula da raposa... Enfim, achei muito engraçado um chamado Verdades Quase Verdadeiras, tem umas ideias anacrónico-futuristas e no fim tudo faz sentido.
Peço desculpa. A falta de tempo priva-me de partilhar mais proza contigo. Não sei se é mesmo só isso, mas a verdade é que blogas bem mais que moi meme.