quinta-feira, julho 29, 2004

Chamou-me a atenção. Calções, camisa, calçado confortável e uma mochila. Somente.
Ar “Coronel Tapioca” de uma ponta à outra e uma cara feliz. Ou indiferente. Ou de quem se borrifa para tudo e todos e tem vontade de ir. Cara de saber tudo que a humanidade procura há séculos de civilizações. Pinta de quem consegue e perdeu o tumulto entre o querer e saber agir. Sem medo. Só com o polegar apontado, um pedido, um favor: ”levem-me para onde forem que, mesmo aí, estarei bem”.
Andarilhos, calcorrear terrenos, parar uns tempos para juntar uns trocos e continuar até onde a caridade puder esticar.
Não o pude ajudar, estava com pressa e os meus destinos não levam para longe,”comigo não vais longe… até Ílhavo, pode ser?” Entreter-me-ia a ouvir, faria infindáveis perguntas, conversaríamos até ser outro dia. De tudo, de nada, do que tivesse para me contar, do que me conseguisse ouvir. Acabaríamos no Algarve, onde fosse, mas queria saber! Qual o “pózinho” que tomam aqueles que não se prendem, arrancar-lhe-ia a receita da coragem, seria só minha!

Não fui. Iria atrasar compromissos, perderia prazos, decepcionaria quem esperava por mim.
Não consegui parar. Falta a alquimia, o frasquinho torneado, o “take the blue pill”. Sair do nicho e passar para a incerteza. Andar por aí, contente com os dias que correm, só porque correm e só por isso ficar contente.
Mas é assim a vida e aqueles que não param ficam sem saber. Comemos os restos, sempre é mais cómodo que caçar.

E o comodismo é práctico.

E nem por isso bom.