quinta-feira, janeiro 29, 2004

Agora que aprendi a pôr pics no blog, deixo-te aqui uma pic que achei muito bonita, de um filme que gostava de ver, chamado In America. É com a miúda do Minority Report e achei-a tão bonita e a fazer uma personagem tão incredulamente futurista que me comoveu. Era a Agatha. Aqui, no In America, não sei quem ela é. Só sei que o filme é sobre uma família irlandesa que vai tentar a sorte para Nova York.

Também gosto de Nova York. Gosto muito. Onde é que tu gostavas de ir que, mesmo sem nunca teres ido, sabes que vais gostar?

segunda-feira, janeiro 26, 2004

Quando se vê assim, a morte em directo, ainda por cima depois de um sorriso tornado seráfico, assusta como nenhuma fobia, como nenhum quarto escuro; assusta na alma e na metafísica de existir.

quarta-feira, janeiro 21, 2004

Seguindo o teu conselho (ando sempre a seguir os teus conselhos, devias cobrar imposto...) imprimi os contos do Peixoto que estão lá no site dele e já li alguns. Ele diz umas coisas engraçadas, tem umas frases fortes e originais, gostei. Não é assim de desintegrar as ideias a uma pessoa mas há-de ser, daqui a uns anos. Hummm isto agora soou-me pretenciosamente condescendente... Estão verdes, não prestam, como diz a fábula da raposa... Enfim, achei muito engraçado um chamado Verdades Quase Verdadeiras, tem umas ideias anacrónico-futuristas e no fim tudo faz sentido.

Não faz mal nenhum que tu não escrevas, faz mal é que eu tenha tanto tempo para escrever...

"Ainda de madrugada, o cão comecou a ladrar, como se ladrasse contra qualquer coisa sem solução: o frio ou a morte." (JLPeixoto, A Mulher que Sonhava)

terça-feira, janeiro 20, 2004

Peço desculpa. A falta de tempo priva-me de partilhar mais proza contigo. Não sei se é mesmo só isso, mas a verdade é que blogas bem mais que moi meme.

Quanto ao resto, enfim... Começo a achar que comunico bem melhor ao vivo e o mundo das letras não será mesmo o meu. Ficará uma ilusão e uma sensação que, com um pouco de afinco, talvez lá fosse. Sonhar, sonhar... Tempos que não findam, uma sobriedade algo animosa, quero um mundo regido por Baco, Dionísio, sei lá. Mas não posso.

E não és a única a sentir o peso de si mesma, começo a crer que todo o mundo é só, o erro terá sido meu julgando-me original. "'Tamos na merda, mas 'tamos juntas!"

domingo, janeiro 18, 2004

Decidi partilhar o que escrevi na crise luxuosa com as perfiladas. Não sei porquê. É a proliferação estéril de ideias que não produz. Nada como manusear as palavras como massa de pizza e não sair nada...

Gosto muito de conversar contigo, disseste tudo naquela mensagem, parece que falamos há anos, lindo!

Crise Luxuosa
"Às vezes dá como um frio
É o mundo que anda hostil
O mundo todo é hostil"
(De onde vem a calma - Los Hermanos)

O que se segue escrevi no dia 25 de Junho de 2003, não me lembro em que circunstâncias... Já não sabia sequer que este papel escrito existia mas encontrei-o e comoveu-me. Nada mudou e parece-se longinquamente com a hostilidade de que falam na música. Transcrevo.

"Ficar toda a noite desperta, dormir de dia quando a intolerância e a insensatez povoam os olhos e a boca e tudo me é hostil. Insegura; o que é que não está bem? O amor, os amigos, o corpo, o humor. Inventar um romance e viver virtualmente mas ser feliz, mesmo que em óculos 3D. Peço férias duradoiras, uma paz e que a secura me invada os olhos de sanidade. Isto assim é doentio e eu sei mas onde há âncoras? Um gato, o sol, uma bicicleta, um cigarro, uma noite com velas e aromas, mas sempre, sempre só."

segunda-feira, janeiro 12, 2004

Roubei isto de um blog já que passei este tédio de dia a ver blogs, foi um dia muito produtivo. Enfim, gostei muito do que diz.

"so you want to be a writer?
if it doesn't come bursting out of you
in spite of everything,
don't do it.
unless it comes unasked out of your
heart and your mind and your mouth
and your gut,
don't do it.
if you have to sit for hours
staring at your computer screen
or hunched over your
typewriter
searching for words,
don't do it.
if you're doing it for money or
fame,
don't do it.
if you're doing it because you want
women in your bed,
don't do it.
if you have to sit there and
rewrite it again and again,
don't do it.
if it's hard work just thinking about doing it,
don't do it.
if you're trying to write like somebody
else,
forget about it.

if you have to wait for it to roar out of
you,
then wait patiently.
if it never does roar out of you,
do something else.

if you first have to read it to your wife
or your girlfriend or your boyfriend
or your parents or to anybody at all,
you're not ready.

don't be like so many writers,
don't be like so many thousands of
people who call themselves writers,
don't be dull and boring and
pretentious, don't be consumed with self-
love.
the libraries of the world have
yawned themselves to
sleep
over your kind.
don't add to that.
don't do it.
unless it comes out of
your soul like a rocket,
unless being still would
drive you to madness or
suicide or murder,
don't do it.
unless the sun inside you is
burning your gut,
don't do it.

when it is truly time,
and if you have been chosen,
it will do it by
itself and it will keep on doing it
until you die or it dies in you.

there is no other way.

and there never was."

(Charles Bukowski)

quinta-feira, janeiro 08, 2004

Oh, foda-se! Se pelo menos me apetecesse escrever agora nestes meses (!) em que não vou ter nada para fazer... Se pelo menos me apetecesse sequer ler! Podia tentar seguir uma disciplina literária, como explicou o António Lobo Antunes, começar logo pelo método dos grandes escritores: escrever 8 horas por dia, como se fosse uma profissional de uma profissão qualquer! Acho que a Margarida Rebelo Pinto escreve por inspiração, a danada! É uma dotada e nem sabe.

Ontem ouvi a Inês Pedrosa na televisão, numa entrevista só para ela. Não tem carisma. A pinta que tu me acusavas de referir muito acerca das pessoas, afinal reparo mesmo na pinta. Ela não tem. E uma escritora sem pinta no discurso, sem uma aura de sabedoria que flutua pelas palavras, não pode ser grande espeto! Preconceitos à parte, a pinta é um conceito inalienável no discurso de um escritor! Se calhar só se tem pinta com 60 anos... o António Lobo Antunes rebola na pinta toda que tem. Até um lado mais parado na cara se torna poético, afugentando o freak show! Mas e daí até não, a Clara Ferreira Alves é nova e tem pinta. A Inês Pedrosa tem discurso de secretária, não de artista intelectual. Diz que o Figo é um figo.... bah! Os escritores não dizem coisas destas!

terça-feira, janeiro 06, 2004

Oh Gaby, o Peixoto respondeu-me!! Fiquei atónita! É por ser novo, a Inês Pedrosa não te responde porque já não está para isso. Foi um mail pequenino, sem nada de especial, mas é especial responder, eu acho. Ontem fui inscrever-me no centro de emprego da minha área de residência... Que tristeza, quase consegue ser pior que o atendimento permanente dos serviços médicos, tamanha é a opressão pobre que por ali se passeia.

quinta-feira, janeiro 01, 2004

Ontem no limiar das doze, uma amiga telefonou-me e disse "2004 é nosso!". Aliás, disse mais "2004 É NOSSO!". Disse estar certa disso. E eu gostei. E quero acreditar. É que costumo chamá-la de bruxinha por isso ela deve saber. E portanto para ti também, Gaby, 2004 É NOSSO!

Escrevi um mail ao José Luís Peixoto, inspirada pela tua carta à Inês Pedrosa. Há a questão de nunca ter lido José Luís Peixoto, mas escrevi-lhe porque gosto dele, por qualquer motivo. Até sei porquê, gosto de um rapaz novo que escreve e publica e não se chama Fernando Alvim (bolas, não tenho nada contra o Fernando Alvim! Mas não me agrada saber que existe a publicação bem sucedida das suas cartas de amor imberbes, ridículas e potencialmente pobres no conteúdo literário. Sublinho bem sucedida!). E já ganhou uma bolsa da Gulbenkian (de volta ao José Luís Peixoto) de 200 contos por mês só para escrever e até já ganhou o prémio José Saramago e só tem nem sei bem quantos mas alguns menos anos que 30. Gosto disto. Acho bom e promissor.

Feliz 2004.